quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Água mole...

Quando de férias, depois de indeterminados dias de perguicite, dedico-me a pequenas reparações que se vão acumulando, ou pelo cansaço ou por falta de tempo.
Hoje resolvi armar-me em Dono da Casa de Banho, e esclarecer a água, sobre o caso das escutas dos pingos intermitentes e cada vez mais insistentes.

1. Durante meses a fio, foram produzidas gotas de água e dificuldades a encerrar a torneira, e no entanto nenhum dos meus esforços para as suspender deu em qualquer resultado.

Desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer.

E tudo isto, sendo sabido que Eu sou um órgão unipessoal e que só pingo em meu nome, ou em nome da torneira.

2. Porquê toda aquela manipulação?

Transmito-vos, a título excepcional, porque as circunstâncias o exigem, a minha interpretação dos factos.

Outros poderão pensar de forma diferente. Mas a água tem o direito de saber o que pensou e continua a pensar o Dono da Casa de Banho.

Durante o mês de Agosto, quando dedicava boa parte do meu tempo a trabalhar ou em saídas com a mulher que amo, fui surpreendido com o aumento de intensidade do ruído produzido por cada gota de água na tampa do ralo do lavatório, exigindo ao Dono da Casa de Banho que se levantasse, interrompendo o seu sono e viesse, de acordo com a informação prestada pelo ruído, encerrar melhor a torneira.

E não tenho conhecimento que anteriores gotas de água que antecederam estas tivessem sido limitadas na sua liberdade de caírem livremente, incluindo o contacto com as tampas dos ralos a que pertenciam.

Considerei graves aquelas gotas, um tipo de ultimato dirigido ao Dono da Casa de Banho.

3. A leitura pessoal que fiz destas gotas de água foi a seguinte (normalmente não revelo a leitura pessoal que faço de declarações de ralos, mas, nas presentes circunstâncias, sou forçado a abrir uma excepção).

Pretendia-se, quanto a mim, alcançar dois objectivos com aquelas gotas de água:

Primeiro: Puxar o Dono da Casa de Banho para a luta torneira-WD40, encostando-o ao desespero, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças Newtonianas.


Segundo: Desviar as atenções dos meus sonhos e das questões que realmente interessam ao meu cérebro.


Foi esta a minha leitura e, nesse sentido, produzi uma declaração durante uma visita ao refeitório, no concelho de Loures, no dia 28 de Agosto. 


4. Muito do que depois foi dito ou escrito envolvendo o meu nome interpretei-o como visando consolidar aqueles dois objectivos.


Incluindo as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como é que aquelas gotas de água sabiam dos passos dados por membros dos Donos da Casa de Banho.



Incluindo mesmo as interrogações atribuídas a um membro da minha Casa de Banho, de que não tive conhecimento prévio e que tenho algumas dúvidas quanto aos termos exactos em que possam ter sido produzidas.


Mas onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das pingadeiras no wc de outrem?

Repito, para mim, pessoalmente, tudo não passava de tentativas de consolidar os dois objectivos já referidos: colar o Dono da Casa de Banho à luta torneira-WD40 e desviar as atenções.

5. E a mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um e-mail, velho de 25 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário, sobre um canalizador do gabinete dos canalizadores que esteve presente durante a visita que efectuei à casa de banho do trabalho em 2007.

Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas.

6. A primeira interrogação que fiz a mim próprio quando tive conhecimento da publicação do e-mail foi a seguinte: “porque é que é publicado agora, a uma semana das minhas férias, quando já passaram 25 meses”?


Liguei imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto.

E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da Casa de Banho, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas.


7. Mas o e-mail publicado deixava a dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que vigora na Casa de Banho: ninguém está autorizado a falar em nome do Dono da Casa de Banho. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse.


Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa de Banho.


8. A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores do Dono da Casa de Banho suficientemente protegida?”


Foi para esclarecer esta questão que hoje li os relatórios de várias entidades com responsabilidades na área da segurança, após estas vasculharem as minhas portas de ligação em busca das que estão abertas. Fiquei a saber que não existem vulnerabilidades e fiquei satisfeito, confiante do uso de Linux.


9. Um Dono de Casa de Banho tem, às vezes, que enfrentar problemas bem difíceis, assistir a graves manipulações, mas tem que ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse pessoal. Mesmo que isso lhe possa causar custos pessoais. Para mim o trabalho está primeiro.


O Dono da Casa de Banho não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja pelo que for.

Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a semana.

Agora, passado o cansaço, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência, espero que os portugueses compreendam que fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: arrancar a dita torneira a ferros do lavatório, proceder à sua reparação e partilhar convosco, em público, a interpretação que fiz sobre um assunto que inundou a minha cabeça durante vários dias sem que alguma vez a ele eu me tenha referido, directa ou indirectamente.
E sabendo todos que a Casa de Banho é um órgão unipessoal e que, sobre as suas posições, só o Dono se pronuncia.

Uma última palavra quero dirigir aos portugueses: podem estar certos de que, por maiores que sejam as dificuldades, estarei aqui para defender os superiores interesses da mecânica de fluidos.

2 opinaduras:

Rosa disse...

Isto só podia vir dessa cabeça!! :)

Liana disse...

Bem, até fiquei baralhada.
Creeeedo!

Beijo