quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Venha viajar connosco!

A banalização da música clássica erudita, como soporífero público matinal em carruagens de comboios.
Felizmente a anomalia não afecta todos os horários, nem todas as composições, mas às 7 da manhã apanhar com o esganiçado violino gravemente distorcido pela qualidade sub-comercial de uma interpretação do clássico de Vivaldi, por vezes irritante apesar de belo, especialmente a horas impróprias, ou por ter sido exaustivamente saturado pelos genéricos da meteorologia nos anos 80 e 90.
Ou um lago dos cisnes terrivelmente esborrachado pelos contáveis buraquinhos, abruptamente interrompidos pela provavelmente simpática, quase humana, mas mecânicamente repetitiva voz de um computador efeminado anunciando as paragens, as correspondências e relembrando as pessoas que tem obrigação de verem onde raio põe os pés ao sair do comboio...
Mas pior que isso é estar num transporte e alguém resolver partilhar com os restantes enclausurados o seu mau e irritante gosto musical, de uma forma grosseira e ofensiva para com os companheiros forçados e para os autores de dita chinfrineira comercial, debitado pela mono-coluna de um transportável telefone.
Na minha terra, existe algo chamados auriculares, não é vergonha usar e, se colocados num volume idêntico ao obtido pela distância que o som tem de percorrer livre, desde o dito aparelho até ao ouvido do dono, nem surdez ou desconforto.
Mas caminhamos cada vez mais para um ser caracterizado pelas exclusivas conveniências pessoais, que cada vez mais faz o que quer e lhe apetece, desrespeitando o próximo.
Gosto muito de transportes. Não gosto é das condições a que normalmente sou sujeito!

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