quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sobre a omnipresença

Há pessoas que acham que eu tenho a capacidade de ser omnipresente e omnisciente.
Todos os dias no emprego, certas pessoas dirigem-se a mim com perguntas fantásticas como de omnisciência:

  • "O utilizador diz que não funciona, mando para quem?" (Tipo... o que não funciona? Que mensagem de erro dá? É só com ele, ou também com os colegas?)
  • "O utilizador não consegue imprimir, mando para onde?" (De novo... o que não consegue imprimir, que mensagem de erro dá, etc, etc, etc...)
  • "No meu mail, encaminho para X, não é?" (Afogado em trabalho, ainda não tirei os olhos da aplicação, muito menos para ver mails que não me pediram sequer para ver...)
Já a ominpresença, por outro lado, revela-se quando mais do que uma pessoa me chama ao mesmo tempo, mesmo tendo visto que o colega chamou primeiro. E nunca é "depois passa aqui, por favor". É sempre, "chega já aqui" e alguns nem por favor usam.

Numa interessante discussão, um dos subordinados diz-me que com a tecnologia, qualquer um pode ser omnipresente.
Contudo, este argumentava que eu podia estar aqui e a escrever ou a manipular um computador à distância, ou a falar com pessoas do outro lado do planeta como se lá estivesse.
Claro que a tecnologia permite isso, mas nunca será sequer omnipresença porque, para começar, fisicamente não estou lá, contrariando totalmente o desmembramento da palavra nas suas componentes de omni (todo) presença. Se só menos de um décimo de mim viajou, como posso estar lá?!
A omnipresença implica a replicação e total clonagem não só do meu ente físico, como também do meu ente espiritual e de todas as acções, atitudes, pensamentos e sensações que fazem de mim aquilo que sou.

Quanto à omnisciência, estão constantemente à espera que adivinhe o que escutaram do utilizador, e que saiba perfeitamente o que estão a falar, mesmo antes de terem aberto a boca para no seu expoente máximo de perguicite aguda, acompanhada de uma boa dose de assuntos banais e fúteis de longe mais importantes guarnecidos de batata quente (vulgo "tenho mais que fazer do que preocupar-me com o meu trabalho, os outros que mo façam").
Depois levam respostas como "o meu pai também não consegue". Não porque o meu pai sofra de qualquer incapacidade para efectuar uma simples impressão, mas simplesmente por ser um ser totalmente estranho e alheio aos sistemas do nosso cliente, sendo-lhe totalmente vedado o acesso a tal acção.

O que me alegra, é que nem todos são assim. Tenho um punhado de profissionais. Mas os que são, são mais que suficientes para me darem cabo da cabeça!

1 opinaduras:

Liana disse...

Adoro estes teus textos LOL